O Rio de Janeiro é uma cidade de clima tropical: quente e úmido. Com montanhas, pedras, morros, sol e chuva, sua paisagem toca o corpo e instaura o exercício do olhar, do sentir. A cidade oferece também o mar. As suas praias são elementos centrais em sua geografia e reconhecidas em qualquer lugar do mundo. Vários são os símbolos dessa notoriedade: Copacabana, Bossa Nova, pele bronzeada, surfistas, voos de asa delta, dentre outros. O hábito de curtir uma praia, lançado no início do século 20, encontra-se consolidado e, apesar de todos os seus problemas, permanece ainda o maior interesse dos corpos que vivem ou só passam pela cidade. Na verdade, até mesmo as montanhas encostam no mar, parecendo impossível resistir ao seu fascínio. Assim, neste encontro, observa-se um outro aspecto extraordinário deste espaço urbano que é a presença de uma vasta cobertura florestal, conhecida como Mata Atlântica.
A biodiversidade da região possibilita a formação do Parque Nacional da Tijuca em 1961. Sua potência não se resume apenas ao impacto de seu apelo visual, mas sobretudo ao sucesso de seu reflorestamento e, portanto, da força da superação após anos de devastação. Na verdade, esta história de sobrevivência tem início cem anos antes, em 1861, em razão de um período de seca que gera dificuldades no abastecimento de água da cidade, somado ao intenso cultivo de café em fazendas da região e ao grande processo de extração de madeira. O plano de recuperação e conservação da área é conduzido pelo major Manuel Gomes Archer e uma modesta equipe com um pouco mais de dez funcionários. Porém, somente mais tarde, no ano de 1943, sob a responsabilidade de Raimundo Castro Maia, o espaço passa por mudanças significativas, tornando-se um ambiente adequado para o usufruto de moradores e turistas.
O corpo reitera seu lugar no mundo. Pelo gesto, cheiro, movimento, som e luz habita espaços, buscando um convívio capaz de ampliar sua potência de existir. A conexão proposta nessa experiência parece conduzir à recuperação de um elo desfeito pelo ritmo de inúmeras rotinas impostas pela vida na contemporaneidade. Indiscutivelmente, a fotografia ajuda a pensar o corpo, sua vulnerabilidade e resistência, frente aos desafios resultantes de modelos reguladores que esgotam as condições de poder simplesmente estar no mundo em toda a sua plenitude. As imagens favorecem ainda a articulação de histórias que apontam outras relações com as coisas afetando um corpo. Na verdade, abrem campos de reflexão inesperados e estimulantes, revelando diferentes processos de subjetivação.